COLETIVIDADES INTELIGENTES

By | 14.12.13 Deixe um comentário
Multidões agem por impulsos e não com base em impressões construídas interativamente entre seus membros. Geralmente são controladas por poucos "líderes" colocados em posição distante para serem admirados e inacessíveis, polarizando as atenções em torno deles.
Em multidões, os atos de cada um são interpretados só coletivamente. Por exemplo, alguém objetando o modo como um orador está se expressando num culto religioso fanático, pode ser considerado “possuído pelo demônio” ou representado o interesse de inimigos do culto. Então será expulso ou sacrificado. A realização pessoal torna-se um sonho a ser perseguido e manipulado pelos "líderes". Não é essa a tendência de coletividades inteligentes.
Multidões são compostas por muitas pessoas sem interação ativa entre elas. São muito comuns tanto nas ruas das cidades, como podem ser identificadas em estádios esportivos e megaeventos musicais. Estão no que é chamado de "massa consumidora" e mesmo um auditório lotado ouvindo e vendo alguém expor unilateralmente uma ideia, prestação de serviço ou produto. Elas precisam ser gerenciadas com um imenso aparato burocrático, para que tudo saia conforme o esperado. Isso é notável tanto em nações quanto em organizações de trabalho ou família. Nas interações de massa as ações individuais não são realmente voluntárias no sentido de ter uma vontade pessoal:
“... isso não é nada pessoal. É o meu trabalho". "... Sou seu pai (*patrão; chefe): tenho que fazer isso. É a minha função."  A impessoalidade esconde o desejo de ser de cada um. Nesse caso trabalhar não é um ato "pessoal"? Não representar a si na relação com outros?
Examinemos então as consequências: se a decisão não for um ato interpessoal e singular e sim regida por uma norma restritamente estabelecida, os funcionários, assim como pais e filhos, alunos e professores, cientistas, médicos e pacientes não teriam o que decidir. Bastaria seguir o "certo". Não parece haver uma verdade que vale para todos sem as suas singularidades interagindo nisso.
Felizmente há uma tendência para a interatividade e a esperança realista de formarmos uma rede humana autoconsciente e altamente interativa sem necessidade de um controle social e “científico” centralizado.
É esse o desafio da subjetividade contemporânea: repensar quem somos no particular em relação ao coletivo e vice versa sem excluir-se nem excluir um ao outro.
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