A aprendizagem do pensamento

By | 24.7.14 Deixe um comentário

O pensamento está na base da consciência humana desde os planos mais evidentes, associados à consciência dos fenômenos materiais e suas relações, como a constituição da terra, a meteorologia, o espaço físico, as propriedades físico-químicas dos materiais equipamentos e suas interações  até a consciência das coisas vivas e das suas relações. E entre elas, as relações entre seres humanos. O que diferencia essas relações das relações das pessoas com as coisas e com outros animais (como os animais de estimação ou mesmo do caçador com a caça) é a capacidade do homem em examinar o seu modo de pensar e mudar seu pensamento. O exame do modo de pensar oferece uma visão de quando e como certo modo de pensar é útil, inútil, interessante ou desinteressante. O estudo dos nossos próprios modos de pensarmos a si e aos outros assim como dos modos de nos pensarmos em relação ao mundo de outros seres e das coisas, nos oferece um novo campo aparentemente não natural, que é o estudo do próprio pensamento pelo qual nos pensamos, sentimos, lembramos e nos relacionamos. 

Veremos como é fácil perceber como o pensamento é, por estrutura divisional, ou seja, desdobra uma dimensão ou instância que pensa e outra que é feita para ser pensada. Essa divisão do pensamento é mais óbvia no exame dos óbvios fenômenos físicos clássicos (mundo cartesiano-newtoniano) na qual o observador parece claramente dissociado da observação. Quando nos atemos ao infinitamente pequeno, como a realidade subatômica e a estrutura das partículas e ao infinitamente grande como a realidade cósmica, a realidade do universo, a divisão observador e observado começa a surgir como uma espécie de obstáculo para a metodologia clássica de estudo.

Quando estudamos a realidade das interações humanas seja com essas realidades complexas, muito grandes ou muito pequenas com a natureza física, seja quando estudamos as interações humanas como fenômenos diferentes dos comportamentos físicos humanos, o pensamento surge como fenômeno real. Não de uma realidade diretamente evidente como a dos objetos sólidos, líquidos e gasosos, mas sim como uma realidade sutil que nos move a ver, ouvir e sentir. O pensamento como estrutura, como premissa que se auto cumpre: o pensamento produz a instância que pensa em nosso imaginário e a instância que é pensada, também em nosso imaginário; ou seja, o observador e o evento observado. Move-nos a perceber o que ele mesmo produz como elemento. 

Ele compõe a um só tempo divide partes e as compõe em um todo,  como em um holograma: a parte e o todo tem a mesma estrutura essencial. Ou seja, a parte contém o todo e o todo, de outra forma contém as partes. No organismo existe uma estrutura física como essa: as células contêm um DNA que é comum aos diferentes tecidos e células dos diferentes órgãos e ao organismo todo. Implica o todo e as partes em uma mesma essência que a um só tempo as identifica e as divide. O pensamento tem estas características. Nós, seres humanos, temos acesso ao modo como o pensamento se comporta e podemos oferecer novas possibilidades além de repetir estruturas antigas de pensamento.
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