PRECISA FALAR TUDO? COMPREENDER TUDO? SEMPRE?

By | 23.12.13 Deixe um comentário
Falar tudo que tem em mente, e até o fim, enquanto o outro ouve até o fim é sempre é uma boa forma de comunicação?
Nem sempre.
Primeiro, o que você tem em mente pode parecer invasivo em relação ao que o outro tenha em mente para ele. Fique atento(a) ao contexto relacional. Por exemplo, dar uma notícia triste quando uma pessoa está alegre ou sentindo-se frágil  não é coerente.  Discorrer sobre um assunto de seu interesse  mas que não seja também do outro, é chato e invasivo.
Além disso, um diálogo sobre intenções e desejos não é da mesma qualidade do que outro centrado em um planejamento e em resultados previamente estabelecidos. Nesse caso, o quanto mais mais eficiente , eficaz e efetivo for o diálogo, ou seja, com o mínimo de interações com o máximo de resultados de melhor qualidade, no menor tempo. Dialogismo operacional busca a eficiência, eficácia e efetividade. Para isso você precisa definir qual é o resultado pretendido. É assim na atividade esportiva, na execução de tarefas em casa e na maior parte da sua vida no trabalho.
Entretanto, resultados bem definidos e de alta qualidade não caem do céu nem brotam da terra. Eles se definem na interação. Na cultura tradicional na qual fomos criados, as metas já estariam dadas e os resultados já seriam pré-definidos. Não haveria necessidade de construí-los. Isso é um engano. Nenhum resultado autêntico é alcançado de fora para dentro ou de cima para baixo.
Primeiro as pessoas descobrem o que desejam juntas. Desejar é um sentimento de compatibilidade, atração e não uma intenção voltada para a ação.  Duas pessoas ou mais pessoas precisam conhecer-se, descobrir suas afinidades, para depois imaginar e decidir o que querem ou não querem realizar juntas. O diálogo criativo, ao contrário do operacional, é caracterizado pela não diretividade, não linearidade e a suspensão de crenças e juízos a respeito do que seja o modo certo ou errado. As pessoas vão interagindo para ver e sentir no que dá, na esperança de que aconteça uma afinidade e sinergia de desejos. É a fase exploratória do exame de uma experiência regido por sentimentos de simpatia, sinergia e percepção de convergências. Não há hipótese a respeito de onde se queira chegar no  sentido comportamental e sim afetivo.
Uma analogia interessante nesse caso é o jogo da cabra (ou gata) cega: um jogador tem olhos vendados e roda em torno do seu eixo até ficar desorientado. Então dá passos para se localizar se está aproximando-se ou afastando-se do alvo (uma moeda em alguma coisa jogada aleatoriamente no chão, por exemplo). O jogo “esquenta” se aproximar-se dela e “esfria” se afastar-se. O sujeito precisa montar um modelo mental de referência para saber quando está indo ao encontro ou afastando-se do alvo.  Um exemplo de dialogismo centrado em objetivos: gincanas, jogos competitivos e de desempenho. No dialogismo criativo o centro das atenções é a descoberta; no operacional, é o desempenho.
Mesmo centrado em desempenho, ocorrem momentos de criação e inovação voltados para a utilização. Quando isso acontece, tanto pode abreviar de forma surpreendente o resultado final quanto necessitar de uma redefinição estrutural do que se queira, como, quando, com quem e aonde.
A inovação pode ser para acelerar o desempenho logo em seguida ou implicar numa retomada do que realmente interessa. Ambos os jogos dialógicos são cooperativos e estão mutuamente implicados.
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