Como uma pessoa se sente? Como ela pensa ou vê certa situação?

By | 22.4.14 Deixe um comentário




Como uma pessoa se sente? Como ela pensa ou vê certa situação?

Estas são experiências subjetivas, geradas pela nossa capacidade de saber das nossas atividades internas, viscerais, musculares e receptores químicos, como, por exemplo, os do nível de oxigênio e açúcar, que indicam quando estamos sem ar ou com fome. Outros receptores para neurotransmissores, bem como padrões de fluxo sanguíneo de regiões do cérebro, indicam quando estamos ansiosos ou deprimidos.

Seja qual for a expressão vivencial disso tudo, experiências subjetivas são representações mentais, vistas ouvidas e sentidas. Elas têm correspondências no comportamento, as micro expressões, e analogamente em nossas maneiras de captar através dos sentidos físicos as micro-compreensões dos outros. Por exemplo, uma leve mudança respiratória, um olhar para cima, para o lado e mesmo um lapso de tempo ao digitarem uma mensagem na internet pode indicar ansiedade, interesse, desinteresse, evocação de memórias associadas ao tema tratado etc.

A comunicação é implicitamente complexa, pois depende da formação de padrões relacionais entre duas ou mais partes através de meios diretos, isto é, através das nossas percepções, das percepções das pessoas com quem estamos interagindo, e das representações evocadas e com elas nossas crenças e valores. As memórias recordadas são combinadas com as construídas pela nossa imaginação sonhadora ou projetadas (prospectando o futuro próximo ou distante) como simulações. Com elas, vêm expectativas e vontades. Na maior parte elas são captadas e processadas de forma subconsciente. Não tem como serem expressas como conteúdo de palavras ou em cifras, algoritmos. Na comunicação humana usamos alguns marcadores comportamentais. Eles são inúmeros e captados por micro expressões e micro impressões, ou seja, pequenas, sutis diferenças de mímica, olhar, gesto, respiração, tom, ritmo de voz, deslocamento para frente, para o lado, cruzar e descruzar pés, mãos, levantar a sola do pé, entre tantas outras pistas relacionais formam padrões complexos. Nossa neurologia filtra os padrões mais significativos de acordo com nossa experiência pessoal e cultural para o sujeito poder localizar-se em relação a si e aos outros. 

Ambas as localizações são estruturas de experiências e a auto referência está relativizada (até certo ponto) à referência ao outro. Por exemplo, você pode ter lembranças de muito maior facilidade em se fazer compreender e até mais desembaraço em expressar-se com certas pessoas e não com outras. Em certos contextos e não em outros. Quando você está procurando desenvolver e acompanhar a sua própria comunicação e a dos outros, tem pelo menos dois grandes desafios: diferenciar o que é a sua percepção objetiva da realidade dos seus julgamentos e interpretações a respeito delas. Aprenda a ver, escutar e sentir sistematicamente e suspendendo pré-julgamentos ou pré-conceitos. Isso vale tanto para o lado interno da sua comunicação, com relação ao modo com escuta suas vozes internas, por exemplo, ou percebe imagens e sensações, tanto quanto ao modo como recebe mensagens sensoriais de fora. Na prática trata-se de praticar a capacidade de narrar fatos vividos ou imaginados, de si e dos outros procurando analisar as diferenças, antes de tecer alguma interpretação. Nossa tendência é procurar interpretar nossas impressões e expressões mesmo antes delas serem acessíveis para a apreciação de si e dos outros. É como se nos policiássemos ao pensar e perceber ou agir. Essa atitude é menos evidente nas interações entre crianças e vai sendo mais óbvia nas interações entre adultos. As consequências disso são o empobrecimento, distorção ou travamento da comunicação por generalizações abusivas. Isso não significa que o sujeito não deva perguntar ao outro para melhor compreendê-lo. Ou a si mesmo, em uma reflexão, para melhor compreender-se. Nesse caso não se trata de uma interrupção e sim de um pedido de qualificação do que está sendo expresso para ser mais bem compreendido. 

A atitude dialógica requer uma atenção acentuada  à capacidade de intercambiar posições interacionais, ora colocando-se no seu lugar, ora no lugar do outro. Essa interatividade ativa e propositiva (o que queremos com isso?) consiste na construção dialógica. A construção dialógica se caracteriza pelo aparecimento de um "Nós" ativo com intenções , desejos, expectativas , necessidades, comportamentos, resultados e efeitos que são reconhecíveis como de causa própria e verificados de uma forma combinada.
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